Há muito tempo atrás, em muitas regiões, onde hoje é o território da atual Alemanha e parte de alguns países vizinhos, vivia um povo que cultuava a natureza e tinha uma mitologia própria (mitologia germânica), já apresentada aqui no Blog do C.C. 25 de Julho, em alguns Post´s. As festividades desta época, para este período do ano, eram dedicadas à deusa da primavera. Neste tempo, a tradição das famílias era colorir ovos cozidos, assar bolos e fazer fogueiras. Mais tarde, com a chegada do cristianismo à região, estas festividades foram acopladas às festas cristãs.
Na Alemanha, a tradição cristã da Páscoa, como a comemoração de ressurreição de Jesus, onde a morte não é percebida como fim, mas sim como o recomeço de uma nova vida, tem ligações estreitas com elementos da mitologia germânica.
Lembram dos Irmãos Grimm? Dois irmãos que tornaram elementos da mitologia germânica acessíveis à todos através de suas estórias? Um dos irmãos, Jacob Grimm explicou em um texto seu, que o próprio termo alemão à Páscoa – Ostern, deriva de Ostara – deusa germânica da primavera.
"A primeira das grandes festas germânicas da primavera, representando a vitória do sol aquecedor sobre as trevas e o frio do inverno, é Ostern. Ela somente foi equiparada à festa de ressurreição de Cristo pela Igreja na Idade Média". Jacob Grimm - livro sobre a mitologia germânica.
Na mitologia grega, o coelho representava a fertilidade. Ficou conhecido como "coelho da Páscoa" no norte da Alemanha somente há cerca de cem anos. Mitologicamente, o coelho é o animal sagrado atribuído tanto a Afrodite, a deusa do amor na mitologia romana, como para a deusa Ostara da mitologia germânica.
A região que conhece, a mais tempo, a lenda dos ovos trazidos pelo coelho da Páscoa é a região sul da Alemanha. Segundo pesquisadores, os registros mais antigos sobre o fato, são do ano de 1678. O pesquisador Heidelberg G. F. Von Franckenau, afirma que o hábito do coelho que trás ovos de Páscoa tenha surgido a mais de 300 anos na Alsácia (França), no Palatinado e no Alto Reno (Alemanha). Na região, coelhos e lebres se multiplicavam na primavera – a Páscoa tem data coincidente com a primavera no Hemisfério norte – Então é dito, que os padrinhos das crianças teriam inventado uma caçada ao coelho, na qual as crianças encontravam os ovos coloridos escondidos nos parques e jardins.
Alois Döring |
"Crianças católicas sabiam que na Páscoa poderiam voltar a comer ovos, que durante a Quaresma eram proibidos. Mas como explicar às crianças protestantes por que, de repente, havia tantos ovos na Páscoa?", explica Döring. Ele diz ainda que foi por isso que os protestantes criaram as histórias do coelho que distribuía, de casa em casa, os ovos acumulados durante o período. Ele diz:
“... o coelho era um símbolo da fertilidade – o que, aliás, não explicava como o animal, na condição de mamífero, tinha tantos ovos.”
O pesquisador prossegue dizendo que contra os ovos em si, os protestantes não tinham nada. Os ovos para todos, sempre foram tidos como símbolo de vida nova e, assim sendo, da ressurreição de Jesus Cristo. Ele afirma ainda, que a tradição de pintar, decorar e presentear os ovos já existia há muito tempo.
Antes dos ovos de chocolate enrolados em papel colorido, portanto era a tradição colorir ovos de galinha cozidos. No café da manhã do sábado ou no domingo de Páscoa, não se podia faltar ovos coloridos nas casas de cultura alemã. Aqui em Blumenau, se perguntarmos aos mais antigos, poderão confirmar a existência de tal hábito, uma tradição muito comum entre os primeiros imigrantes alemães e seus descendentes que também se presenteavam entre si com ovos de galinha cozidos coloridos .
"Antigamente, era comum pintar os ovos apenas de vermelho, para simbolizar tanto a cor do sangue de Cristo quanto a do amor que ele nutria pela humanidade. Isso ainda é assim na Igreja Ortodoxa. E a decoração servia para distinguir os ovos bentos dos não bentos durante a Páscoa." Alois Döring
Osterzopf - uma rosca decorativa, na qual, depois de assada, podem ser colocados os ovos cozidos.
Osterlamm - literalmente o cordeiro da Páscoa, mas não se trata de cordeiro assado – tradição judaica – e sim de uma massa assada em fôrmas especiais, em forma de cordeiro.
Osterzopf |
Osterlamm - literalmente o cordeiro da Páscoa, mas não se trata de cordeiro assado – tradição judaica – e sim de uma massa assada em fôrmas especiais, em forma de cordeiro.
Osterlamm |
Möhrencremesuppe - uma sopa com o legume preferido do coelhinho, a cenoura.
Möhrencremesuppe |
Osterbraten - o assado de Páscoa, servido no domingo, que pode ser qualquer tipo de carne, não necessariamente cordeiro.
Osterfeuer: Fogueira de Páscoa - Costume cultivado em algumas partes do país, como fazia os povos antigos. Para a cultura e mitologia germânica, o fogo é o símbolo do sol. No cristianismo a fogueira foi adotado como a chama da fé, tendo em comum, a idéia da purificação. Na idade média, a "limpeza de Páscoa" na Alemanha começava no pátio da igreja, onde os fiéis juntavam restos de madeira, galhos e as ramagens secas que sobravam do Domingo de Ramos e queimavam em uma grande fogueira na noite de sábado para domingo.
Osterfeuer |
Osterkerze |
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