Marcos e pfennige |
A Alemanha é um dos poucos países da União Europeia a garantir, por prazo ilimitado, a possibilidade de trocar sua antiga moeda corrente por euros. As reservas de marcos em todo o mundo ainda são consideráveis.
O líder do Partido Social Democrata (SPD) alemão, Sigmar Gabriel, criticou
pela primeira vez publicamente o comportamento do chefe de Estado Christian
Wulff, no escândalo dos créditos. "É péssimo um presidente federal ter deixado a
coisa chegar a tal ponto. Essa discussão toda é indigna e repulsiva", declarou
na edição deste sábado (07/01)do jornal Bild.
"Abismos profundos"
Gabriel acusou Wulff de deslocar na direção errada os critérios de
honestidade e credibilidade. "Uma caixa de supermercado já é demitida só por
haver guardado um vale para si. Mas o presidente é da opinião que para ele
vigoram regras especiais."
Segundo o deputado Stefan Wenzel, chefe da bancada verde da Baixa Saxônia,
Wulff teria ocultado ainda mais informações relativas ao financiamento de sua
casa, do que se pensava, Assim, o presidente não registrou em cartório a compra
do imóvel, não mencionou no cadastro quem lhe concedera o crédito, e até o
momento não apresentou comprovantes de pagamento do empréstimo. Wenzel forneceu
estas informações ao periódico Frankfurter Rundschau. "Aqui se abrem
abismos profundos, que eu não considerava possíveis", comentou.´
Pequenos e grandes comerciantes de olho na 'moeda-zumbi' |
A entrevista para as TVs ARD e ZDF, na última quarta-feira, foi uma
oportunidade de reabilitação perante a opinião pública, mas que Wulff
desperdiçou. Logo após, a presidente do partido A Esquerda, Gesine Lötzsch,
comentou: "Muitas questões continuam em aberto. [Wulff] continua insistindo em
sua tática de vencer pelo cansaço. Ele tem uma relação deformada para com a
imprensa, a verdade e o dinheiro".
Os grupamentos da coalizão de governo federal alemã, União Democrata Cristã,
União Social Cristã (CDU/CSU) e Partido Liberal Democrático (FDP), desmentiram
uma notícia de jornal, segundo a qual já tivessem deliberado sobre um processo
de sucessão, caso Wulff renuncie.
O Rheinische Post divulgou que os líderes dos partidos em questão –
Angela Merkel (CDU), Horst Seehofer (CSU) e Philipp Rösler (FDP) – não mais
pretenderiam apoiar Wulff, caso se constate que ele tenha faltado com a verdade.
Ainda segundo o jornal publicado em Düsseldorf, planeja-se indicar um sucessor
que também "pudesse ser aceito pelos círculos socialista e verde".
Diante do palácio presidencial Bellevue, em Berlim, realizou-se neste sábado
uma manifestação em protesto pelos escândalos envolvendo Christian Wulff. A ação
foi organizada pelo Creative lobby of future (Clof), através da rede social
Facebook, inicialmente 150 participantes estavam registrados, porém foi bem
maior o número dos que exigiam a renúncia do chefe de Estado.
Acompanhado por cartazes e apitos, o slogan do protesto foi "Mostrar o sapato
para Wulff – Shoe for you, Mr. President!". Na cultura árabe esse gesto
representa escárnio, mas é também uma forma de expressar cólera e desprezo.
"Queremos só mostrar os sapatos, não jogar", acentuou o porta-voz do protesto,
Jürgen Jänen.
AV/dpa/afp/dapd
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