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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Ferrovia e Desenvolvimento - Este é o Caminho - Livro




Deputado Pedro Uczai lança livro sobre ferrovias nesta quarta-feira. O livro é uma sistematização de idéias originadas a partir de aprofundamentos e debates realizados pela Frente Parlamentar das Ferrovias. Na próxima quarta-feira (21 de novembro de 2012), o presidente da Frente Parlamentar das Ferrovias, Deputado Federal Pedro Uczai (PT/SC), lança o livro “Ferrovias e Desenvolvimento – Esse é o caminho” em Brasília.
O livro é uma sistematização de ideias originadas a partir de aprofundamentos e debates realizados pela Frente Parlamentar das Ferrovias e traz uma série de artigos que apresentam uma perspectiva sobre os benefícios e resultados que um projeto estratégico de malha ferroviária, aliando aos demais modais de transporte, pode representar para o desenvolvimento do Brasil. 
Para o Deputado Uczai, o livro apresenta uma amplitude de opiniões enriquecendo o debate sobre a importância das ferrovias. “A proposta da produção de novos conhecimentos sobre esse setor contempla uma das linhas centrais da organização deste livro que traz um pouco da história das ferrovias, mas também projeta perspectivas de futuro e reflexões sobre o modelo nos aspectos da construção, da operação, da política tarifária, na relação entre o público e o privado, transporte de carga, transportes de passageiros, média e alta velocidade e outros temas que abrangem os mais diversos posicionamentos.” 

O livro tem a participação de outros 23 autores: 

Deputado Estadual pelo Rio Grande do Sul, Raul Carrion;
Presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate;
Ferroviário, Jerônimo Miranda Netto;
Ferroviário, Paulino Rodrigues de Moura;
Ferroviário e vereador em Bauru (SP), Roque José Ferreira;
Economista, Francisco Augusto Oliveira;
Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho, Daniel Lena Souto;
Advogado, Diovani Batista Gonçalves;
Administrador de Empresas, Paulo Roberto Franco;
Senador pelo Estado de Goiás, Wilder Morais;
Economista, Roberta Zanenga de Godoy Marchesi;
Sérgio Guedelha Coutinho;
Ferroviário,Carlos Eduardo do Nascimento;
Senador da República pelo Estado de Rondônia, Valdir Raupp;
Professor, Dr. Nilson Tadeu Ramos Nunes;
Professor, Dr. Ronaldo Guimarães Gouvêa;
Coordenador da C. Pró-Ferrovias do V. do Itajaí (SC), Eldon Egon Jung - SC;
Presidente-executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça;
Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade, Angelina Wittmann - SC;
Mestre em Geografia, Ana Júlian Faccio;
Mestre em Economia Política, Evaristo Almeida;
Produtor Rural e Advogado, Gilberto Munhoz de Macedo;
Economista, Paulo Borges Campos Júnior.

Fonte: Assessoria de Imprensa - deputado federal Pedro Uczai

Parte do Artigo presente no livro...

Por que “apagaram” a Ferrovia no Vale do Itajaí – SC e no Brasil?
Por Angelina Wittmann
Há, mais ou menos 100 anos atrás, a sociedade do Vale do Itajaí fazia o mesmo debate, com os mesmo argumentos, sobre a importância da implantação ferroviária. Esta foi, entre alguns meios de transportes presentes na região, o mais entusiasticamente implantado e bem sucedido, abruptamente erradicado (1909–1971), quase sem deixar vestígios no espaço urbano atual, exceto algumas edificações e pontes.

Foto: Fundação histórica de Rio do Sul

Foto: Fundação histórica de Rio do Sul

Foto: Fundação histórica de Rio do Sul

Em cada período do desenvolvimento da região do Vale do Itajaí, houve destaque para a adoção de um determinado tipo de transporte, ou mesmo dois complementando-se. A conformação geográfica da região, mais precisamente junto à foz do ribeirão Garcia no rio Itajaí Açu, local onde aportaram os primeiros imigrantes foi importante para a definição do tipo de ocupação do solo na região, e igualmente, determinante para a definição das vias de penetração por terra, para o interior. Acima deste ponto, o rio Itajaí Açu não apresentava navegabilidade e os caminhos eram abertos a facões, delineando as baixadas de vale, que apresentavam uma topografia plana.

Foto: Fundação histórica de Blumenau
Nos primeiros trintas anos de colonização do Vale do Itajaí, a via fluvial foi a única via de comunicação entre a região e o litoral. Neste período existia somente uma picada na margem direita do rio Itajaí Açu, ligando Blumenau a Itajaí. 
Mais tarde surgiram outros caminhos e picadas, e um novo sistema de transportes: o ferroviário e a sua erradicação. Novamente, permanecendo somente o sistema rodoviário na região.
Com o intuito de compreender a implantação ferroviária no Vale do Itajaí no inicio do século passado, este artigo pretende delinear a ideologia, ações econômicas, sociais e conseqüências, desde o inicio da primeira fase da revolução industrial européia, no século XVIII até o século XX, na Europa, Brasil e Vale do Itajaí.
A implantação ferroviária na região teve ligação estreita com as novas idéias e revoluções ocorridas na Europa no século XVIII e XIX e suas conseqüências aliadas a ações políticas brasileiras adotadas para a região sul do país. A efetivação da implantação ferroviária foi viabilizada na região do médio Vale do Itajaí, a partir da assinatura do Decreto Estadual de 1904, que concedia autorização à Companhia Colonizadora Hanseática para a construção e exploração de uma via férrea. Em 1906, foi criada a Sociedade Anônima Estrada de Ferro Santa Catarina (EFSC) a partir da união de empresas e estabelecimentos bancários alemães de Berlim, Colonizadora Hanseática, empresas de navegação e o Banco Alemão. A concessão foi transferida para esta sociedade que construiu e explorou e EFSC, trecho de Blumenau à colônia de Hansa, atual município de Ibirama.
Foto: Fundação histórica de Rio do Sul
A ferrovia na região do Vale do Itajaí – EFSC - foi construída com capital alemão, diferentemente de outras ferrovias nacionais, que foram construídas com tecnologia e capital inglês. Por isto apresentou aspectos diferenciados quanto ao seu tratamento diante de crises políticas internacionais, como fora o caso das duas grandes guerras, que envolviam a Alemanha, país de origem dos imigrantes predominantes locais. A história da EFSC não faz parte do registro de alguns órgãos federais como DNIT – Departamento Nacional de Estrutura de Transportes.
Em vários países, em continentes distintos, mesmo com o advento do automóvel e as novas idéias rodoviaristas vigentes, não houve rompimento do uso do sistema ferroviário e sim, a adequação deste aos novos tempos, de acordo com a evolução técnica. 
No Brasil, houve decisões políticas que interferiram diretamente na erradicação, não somente da EFSC, mas de muitos trechos ferroviários. No Vale do Itajaí, atualmente, Blumenau é a sede da AMMVI, e é considerada cidade pólo e também a sede da região metropolitana criada em seis de janeiro de 1998, através de Lei Estadual Complementar N°162. A cidade tem uma população de 292.998 habitantes e apresenta uma contribuição de 11,3% da arrecadação do Estado. A AMMVI tem uma área territorial de 4.494 Km2 e uma população estimada de 604.644 habitantes. A população, contida na área de abrangência de outras regiões que utilizam os serviços e equipamentos de Blumenau atinge aproximadamente 800.000 habitantes. A unidade formada pelos municípios da AMMVI se fortalece através das mesmas ações políticas de municípios que tiveram o mesmo berço cultural e histórico. Através destas sintonias, adotam medidas e reivindicações, sob uma coordenação central, como acontecia na colônia Blumenau no inicio do século XIX. Poderia, por exemplo, implementar um projeto para outra opção de transportes ligando suas principais sedes inseridas em um traçado ferroviário, como feito no inicio do século XIX.
São conjecturas, que naturalmente fizeram surgir alguns questionamentos naturais no desenvolvimento da pesquisa que resultou em publicações, como:

a) O que levou os primeiros imigrantes alemães a adotarem um meio de transporte, que surgiu durante a Revolução Industrial na Europa, e promovia a ligação entre os muitos núcleos urbanos da colônia, isolados geograficamente da capital da província de Santa Catarina, adotado somente 60 anos após sua chegada ao Brasil e aproximadamente 50 anos após a inauguração primeira ferrovia nacional? 

b) O que realmente motivou o investimento do capital alemão em um meio de transporte idealizado pelo fundador Hermann Blumenau, ainda no século XIX? 

c) Qual foi o impacto da adoção do sistema de transporte ferroviário na região cuja povoação era recente, seis décadas, no inicio do século XX? 

d) Os meios de transportes que antecederam a ferrovia, e a própria ferrovia atenderam satisfatoriamente a demanda de escoamento da produção local a outros núcleos participantes da rede urbana do Vale do Itajaí? 

e) Quais os meios de transportes usados até a erradicação ferroviária, além do próprio trem?

f) Como seria o transporte de cargas e passageiros hoje, se não tivesse ocorrido a erradicação do sistema ferroviário?

g) O que ocasionou a erradicação da malha ferroviária na década de 70? E por quê? 

h) A adoção da ferrovia aos moldes atuais atenderia a demanda de transportes de cargas e pessoas entre os municípios associados da AMMVI? 

Pretendemos ainda disponibilizar este artigo às Comissões e sociedade, como colaboração para o debate maior entre entidades de classes, representatividades políticas e comunidade em geral, sobre o retorno ferroviário, interligando alguns municípios da AMMVI e esta, interligada à malha ferroviária nacional. Disponibilizar esta pesquisa como contribuição para a elaboração de um diagnóstico para o desenvolvimento do projeto ferroviário nacional. Diálogo, que aqui na região, já acontecia, não em 2003 ou 2005, mas em 1995.



Um patrimônio, legado dos primeiro imigrantes alemães, que temos compromisso de dar continuidade...



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