Deutsche Welle
Jornais e sites ressaltam "clima de insegurança" antes de grandes eventos no país e criticam mídia do Brasil por chamar manifestantes de vândalos. Revista alemã fala em "batalha por causa de 7 centavos" de euro.
Na cobertura dos protestos no Brasil contra o aumento das passagens dos transportes públicos, a imprensa internacional destacou a truculência da polícia e chamou a atenção para o clima de insegurança que, com a proximidade dos grandes eventos a serem realizados no país, parece crescer.
Em matéria intitulada Cenas de guerra numa nova noite de protestos, o jornal espanhol El Paísafirma que a polícia "perdeu o controle em São Paulo", onde as ruas se transformaram "num campo de batalha", na quarta manifestação seguida contra o aumento da tarifa de transporte público.
O artigo lembra que a polícia, que havia prometido reprimir duramente os manifestantes, "após vários episódios de vandalismo", "cumpriu sua palavra". O periódico diz ainda que a agressividade da polícia atingiu também jornalistas e ressalta que a imprensa brasileira, "em mãos de famílias da considerada elite", foi duramente criticada nas redes sociais por "chamar os manifestantes brasileiros de vândalos, enquanto qualifica os turcos de ativistas". Mas ressalva que os veículos mudaram sua postura inicial e "as manchetes desta sexta-feira são outras".
Batalhas nas ruas
Em reportagem intitulada Batalhas nas ruas, por causa de sete centavos (de euro), a versão online da revista alemã Der Spiegel afirma que os policiais atacaram com balas de borracha e gás lacrimogêneo, enquanto os manifestantes estavam armados de coquetéis molotov e facas nas manifestações na noite de quinta para sexta-feira em São Paulo e no Rio de Janeiro. A matéria lembra que os protestos foram liderados por estudantes, mas também por "agrupamentos dispostos à violência".
O prestigiado portal de notícias francês Rue89também destacou, no artigo Corrupção e má gestão: São Paulo se inflama, uma suposta parcialidade da imprensa brasileira "ao lado da versão oficial", não hesitando em "caracterizar os manifestantes como vândalos" durante os primeiros dias dos protestos. O site diz que "vídeos na internet tendem a provar que as autoridades não economizaram no uso da força".
O artigo comenta que, enquanto "o pequeno aumento (de preço de passagens) foi o estopim, agora toda a classe política municipal é o alvo do descontentamento popular" e que as críticas vão de "má gestão generalizada" a "corrupção".
O diário conservador espanhol El Mundo ressalta que mais de 190 pessoas foram detidas em "manifestações que se espalharam por outras cidades do Brasil e que "ocorrem a dois dias da Copa das Confederações".
Após descrever os tumultos em São Paulo, o texto volta a fazer uma relação direta com os grandes eventos a acontecerem no país, ao citar um manifestante no Rio de Janeiro, que reclama do "encarecimento da cidade", decorrente, na opinião dele, da postura de empresários e administração pública para a promoção de megaeventos.
Inflação e criminalidade em alta
A agência francesa AFP sublinha que houve tumultos não só em São Paulo, mas também no Rio, "uma das seis cidades sedes da Copa das Confederações", onde 20 pessoas foram presas, lembrando que a onda de protestos ocorre quando "o Brasil se prepara para receber centenas de milhares de turistas estrangeiros para a Copa das Confederações e para a Copa do Mundo".
Já a agência britânica Reuters não só associa esses "crescentes tumultos" e o consequente "caos" provocado por eles com a aproximação dos grandes eventos no Brasil, como observa que tudo ocorre "numa época que a inflação, a criminalidade e a popularidade da presidente Dilma Rousseff estão mudando para pior".
A versão online do jornal americano The New York Times também observa, em reportagem de quinta-feira, que os protestos "vêm numa época delicada", quando os líderes políticos estão tentando controlar problemas como aumento da inflação e desaceleração econômica e "tentando promover o Brasil como um destino seguro e estável".
- Data 14.06.2013
- Autoria Marcio Damasceno
- Edição Rafael Plaisant
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